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terça-feira

Além do Bem e do Mal, Prelúdio de uma Filosofia do Futuro

Friedrich Wilhelm Nietzsche.
Algumas partes que escolhi do livro e estou postando;
(Estou agora com mais tempo para escrever e desenvolvendo idéias e textos, daqui um tempo estarei publicando, talvez farei revistas em PDF.)

"Depois de um preâmbulo um pouco irônico, direi agora
uma palavra séria que é dirigida aos espíritos mais sérios. Sede
prudentes, filósofos e amigos do sofrimento e guardai-vos do
martírio oriundo do “amor à verdade”! Guardai-vos inclusive
de defendê-los. Isto prejudica a inocência e a delicada
imparcialidade de vossa consciência, pois a luta contra o
perigo, a injúria, a suspeita, o ostracismo e as conseqüências
mais brutais do ódio, os impeliram a desempenhar o papel de
defensores da verdade nesta terra. Como se a verdade fosse tão
ingênua ou tão torpe que tivesse necessidade de defensores!"


"O estudo do homem comum, estudo prolongado e
sério, que requer muito tato, repugnância dominada,
familiaridade, más companhias — e toda companhia é má,
exceto a de nossos iguais — é um capitulo necessário na vida
de todo filósofo, o mais desagradável talvez e, quem sabe. O
mais pródigo em decepções"

"O que serve de alimento para o espírito de uma categoria de homens superiores
é quase sempre um veneno para uma espécie diferente e
inferior."

"Ao se querer respirar ar puro, não se deve ir à igreja."


"Não se deve afastar a obrigação de fazer estas provas,
más também não ligar-se a ninguém, porque toda pessoa é uma
prisão. E muito menos ligar-se a uma pátria, ainda que seja a
mais maltrapilha e mendicante, e não esquecer que é menos
difícil desligar-se de uma pátria vitoriosa. Não se deixar
prender por um sentimento de compaixão, ainda que seja em
favor de homens superiores, cujo martírio e angústia não
tivesse defesa. Não se apegar a uma ciência, ainda que nos.
seduzam as descobertas que parece nos reservar. Não se
prender às próprias virtudes e ser vitimado, como um todo, por
uma de nossas qualidades particulares, por exemplo, por nossa
"hospitalidade"; como o perigo dos perigos nos alunos nobres e
ricos que se dissipam prodigamente e quase com indiferença,
desenvolvendo mesmo o vicio da virtude da liberalidade! Não
nos apegarmos a nossas virtudes, não nos sacrificarmos a uma
inclinação particular. Deve-se saber concentrar-se e conservarse,
o que é a melhor prova de independência."

"O que é bom para mim, não é bom para o paladar do vizinho. E como poderia haver um "bem
comum"?"

"Enfim, as grandes coisas estão reservadas para os
grandes espíritos, os abismos para os espíritos profundos; as
delicadezas e os calafrios reservados aos refinados, numa
palavras raridades para os raros."



"A alma humana e seus confins, o complexo da experiência
humana interior obtida até agora; a altura, a profundidade, as
cotas da experiência, toda a estória da alma até agora e suas
possibilidades ainda inexploradas; tudo isto é para o psicólogo
nato e para quem ama a "grande caçada" — verdadeiro terreno
predestinado. Mas quão freqüente deve exclamar com
desespero: "estou só, ai de mim, só nesta grande floresta, nesta
floresta virgem!" e deseja ter uma centena de companheiros e
de bons sabujos bem amestrados para encurralar sua presa, para
desentocar a sua selvagem, a alma. Em vão descobre cada vez
mais, com amargo desengano, quanto é difícil encontrar os
companheiros e os cães adequados para descobrir as coisas que
moveram sua curiosidade."

"A fé cristã é, desde seus
primórdios, sacrifício, sacrifício de toda liberdade, de toda
independência do espírito; ao mesmo tempo, escravização e
escárnio de si mesmo, mutilação de si. Deseja-se a crueldade
religiosa para impor essa fé a uma consciência enfraquecida,
complicada e viciada, fé que parte do pressuposto que uma
sujeição do espírito provoca uma dor indescritível, que todo o
passado e todos os hábitos do espírito se rebelam contra o
"absurdissimum" que representa para ele uma tal fé."


"A atração exercida pelo conhecimento seria bastante fraca, se
para atingi-lo não fosse preciso vencer tantos pudores."

"O sábio como astrônomo — Enquanto sentires os astros como
algo "acima de ti", não possuirás ainda o olhar do vidente."

"Não a potência, mas a duração de um sentimento elevado forma os homens superiores."

"É uma coisa terrível morrer de sede em meio ao mar. É
realmente necessário que se ponha tanto sal na vossa verdade a
ponto de torná-la incapaz de satisfazer a sede?"

"As mesmas paixões no homem e na mulher são diferentes em
seu andamento e é por isso que o homem e a mulher jamais
deixam de se desentender."

"A maturidade do homem consiste em ter reencontrado a
seriedade que em criança se colocava nos jogos."

"Não é já o seu amor ao próximo, mas, unicamente a
impotência desse seu amor que impede aos cristãos de hoje...
de lançar-nos à fogueira."


"A enorme expectativa e a vergonha da expectativa que as
mulheres colocam no amor carnal, tiram desde logo todas as
perspectivas às mulheres."

"Quanto mais abstrata a verdade que desejares ensinar, mais
deveras seduzir aos sentidos para que se sintam atraídos por
ela."

"O diabo tem as mais amplas perspectivas relativamente a
Deus, por isso se mantém tão distante dele: o diabo, quer dizer,
o mais antigo amigo do conhecimento."

"Quem não consegue encontrar o caminho para seu próprio
ideal leva vida mais impensada e deslocada que a de um
homem que não tem ideal."


"Quando uma mulher tem veleidades literárias, eis um índice
de qualquer afecção da sensualidade. A esterilidade predispõe a
uma certa virilidade do gosto, o homem é. falemos com
franqueza. o animal in fecundo."

"Quem deve enfrentar monstros deve permanecer atento para
não se tornar também um monstro. Se olhares demasiado
tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro
de ti."

"A idéia do suicídio é um potente meio de conforto: com ela
superamos muitas noites más."

"Jesus disse aos seus judeus: "a lei era para os escravos, amai a
Deus como eu o amo, como seus filhos! Que importa a moral
para nós, filhos de Deus?"

"Falar muito de si mesmo pode ser também um modo de se
esconder."

"— Ele não me agrada. — Por quê? — Porque não me sinto à
sua altura. Algum homem já respondeu de tal forma?"

"Os judeus — “povo nascido da escravidão” como disse Tácito
em uníssono com toda a antigüidade, “povo eleito entre todos
os povos”, como eles mesmos dizem e crêem, levaram a cabo
essa milagrosa inversão de valores que deu à vida durante
milênios um novo e perigoso atrativo. Os profetas judeus
fundiram numa só definição o “rico”, “ímpio”, “violento”,
“sensual” e pela primeira vez colocaram a pecha da infâmia à
palavra “mundo”. Nesta inversão de valores (que fez também
da palavra “pobre” sinônimo de “santo” e de “amigo”) é que se
fundamenta a importância do povo judeu. com ele. em moral,
começa a insurreição dos escravos."