Os Atlantes Brancos estavam com os Deuses que queriam libertar o homem do Grande Engano da Matéria e afirmavam que se havia lutado ferozmente sobre este objetivo. Mas o Homem foi débil e defraudou a seus Deuses Libertadores: permitiu que a Estratégia inimiga abrandasse sua vontade e lhe mantivesse sujeito à matéria, impedindo assim que a Estratégia dos Deuses Libertadores o conseguisse arrancar desta Terra.
Em síntese, segundo os Atlantes Brancos, “uma fase da Guerra Essencial havia terminado, os Deuses voltaram a suas moradas e os combatentes estavam dispersos; mas os Deuses voltariam: o provavam as presenças atlantes ali, construindo e preparando a Terra para a Batalha Final. Na Atlântida, os Atlantes Morenos foram Sacerdotes que propiciavam um culto aos Deuses Traidores ao Espírito do Homem; os Atlantes Brancos, pelo contrário, pertenciam a uma casta de Construtores Guerreiros, ou Guerreiros Sábios, que combatiam no bando dos Deuses Libertadores do Espírito do Homem, junto às castas Nobre e Guerreira dos homens vermelhos e amarelos, quem contribuíram nas
fileiras de “combatentes diretos”. Por isso os Atlantes Morenos tentavam destruir suas obras: porque adoravam as Potências da Matéria e obedeciam ao desígnio com que os Deuses Traidores encadearam o Espírito à natureza animal do homem”.
Os Atlantes Brancos provinham de uma raça que a moderna antropologia denomina
“cromagnon”. Uns trinta mil anos antes, os Deuses Libertadores, que então governavam a Atlântida, haviam encomendado a essa raça uma missão de princípio, um encargo cujo cumprimento demonstraria seu valor e lhes abriria a porta da Sabedoria: deveriam expandir-se por todo o mundo e exterminar o animal-homem, o hominídeo primitivo da Terra que só tinha corpo e alma, mas carecia de Espírito eterno, quer dizer, a raça que a antropologia batizou de “neanderthal”, hoje extinta. Os homens de Cromagnon cumpriram a tarefa com tal eficiência, que foram recompensados pelos Deuses
Libertadores com a autorização para se reagrupar e habitar a Atlântida. Ali adquiriram posteriormente o Magistério da Pedra, e foram conhecidos como guardiões da Sabedoria Lítica e Homens de Pedra. Assim quando digo que “pertenciam a uma casta de construtores guerreiros”, entende-se “Construtores em Pedra”, “Guerreiros Sábios na Sabedoria Lítica”. E este esclarecimento é importante porque na sua ciência só se trabalhava com pedra, quer dizer, tanto as ferramentas, como os materiais de sua Ciência, consistiam em pedra pura, excluindo explicitamente os metais. “Os metais, explicariam logo aos iberos, representavam as Potências da Matéria e deveriam ser
cuidadosamente evitados ou manipulados com muita cautela”. Ao transmitir a idéia de que a essência do metal era demoníaca, os Atlantes Brancos buscavam evidentemente infundir um tabu nos povos aliados; tabu que, pelo menos no caso do ferro, se manteve por milhares de anos. Inversamente, os Atlantes morenos, sem dúvidas por sua particular relação com as Potências da Matéria, estimulavam os povos que lhes eram aliados a praticar a metalurgia e a ourivesaria, sem restrições a nenhum metal.
Como disse antes, logo de haver imposto essas missões os Atlantes continuavam seu lento avanço ao Leste; os brancos sempre seguidos a prudente distância pelos morenos. Por isso que os morenos tardaram milhares de anos para alcançar o Egito, onde se assentaram e impulsionaram uma civilização que durou tantos outros milhares de anos e na qual oficiaram novamente como Sacerdotes das Potências da Matéria. Os Atlantes Brancos, no entanto, seguiram sempre para o Leste, atravessando Europa e Ásia por uma frente larga que se limitava ao norte com as regiões árticas, e desaparecendo misteriosamente ao fim da pré-história: contudo, por trás de seus passos, belicosos povos brancos se ergueram sem cessar, aportando o melhor de suas tradições guerreiras e espirituais da História do Ocidente.
Mas aonde se dirigiam os Atlantes Brancos? À cidade de K’Taagar ou Agartha, um lugar que, conforme as revelações feitas ao meu povo, era o refúgio de alguns dos Deuses Libertadores, os que ainda permaneciam na Terra aguardando a chegada dos últimos combatentes. Aquela cidade ignota havia sido construída na Terra há milhões de anos, nos dias em que os Deuses Libertadores vieram de Vênus e se assentaram sobre um continente que nomearam Hiperbórea em memória da Pátria do Espírito. Na verdade, os Deuses Libertadores afirmam provir de Hiperbórea, um mundo não-criado, quer dizer, não criado pelo deus criador, existente Mais-além-da-Origem: à Origem denominavam Thule e, segundo eles, Hiperbórea significava Pátria do Espírito. Havia, assim, uma Hiperbórea original e uma terrestre; e um centro isotrópico Thule, assento do Graal, que refletia a Origem e que era tão intocável quanto estava. Toda a Sabedoria espiritual da Atlântida era uma herança de Hiperbórea e por isso os Atlantes
Brancos chamavam a si mesmos “Iniciados Hiperbóreos”. A cidade mítica de Katigara, que figura em todos os mapas anteriores ao descobrimento da América como próxima da China, não é outra que K’Taagar, a morada dos Deuses Libertadores, na que só se permite entrar os Iniciados no Mistério do Sangue Puro.
Finalmente os Atlantes partiram da península ibérica. Como se asseguraram de que as missões impostas aos povos nativos seriam cumpridas em sua ausência? Mediante a celebração de um pacto com aqueles membros do povo que iriam representar o Poder dos Deuses, um pacto que de não ser cumprido arriscava algo mais que a morte da vida: os colaboradores dos Atlantes morenos punham em jogo a imortalidade da Alma, enquanto os seguidores dos Brancos acenavam com a eternidade do Espírito. Mas ambas as missões, tal como disse, eram essencialmente diferentes, e os acordos em que se fundavam, naturalmente, também o eram: o dos Atlantes Brancos foi um Pacto de Sangue, enquanto o dos Atlantes morenos consistiu em um Pacto Cultural.
Começarei pelo Pacto de Sangue. O mesmo significa que os Atlantes Brancos mesclaram seu sangue com os representantes dos povos nativos, que também eram de raça branca, gerando as primeiras dinastias de Reis Guerreiros de Origem Divina: o eram, afirmariam logo, porque descendiam dos Atlantes Brancos, que por sua vez sustentavam ser Filhos dos Deuses. Mas os Reis deveriam preservar essa herança Divina apoiando-se numa Aristocracia do Sangue e do Espírito, protegendo sua pureza racial: é o que fariam fielmente durante milênios... até que a Estratégia inimiga operando através das Culturas Estrangeiras conseguiu cegá-los ou enlouquecê-los e os
levou a quebrar o Pacto de Sangue. E aquela falta de compromisso com os Filhos dos Deuses foi como o senhor verá em seguida, a causa de grandes males.
Desde cedo, o Pacto de Sangue incluía algo mais que a herança genética. Em primeiro lugar estava a promessa da Sabedoria: os Atlantes brancos haviam assegurado a seus descendentes, e futuros representantes, que a lealdade à missão seria recompensada pelos Deuses com a Mais Alta Sabedoria, aquela que permitia ao Espírito regressar à Origem, Mais Além das Estrelas. Vale dizer, que os Reis Guerreiros, e os membros da Aristocracia de Sangue, se converteram também em Guerreiros Sábios, em Homens de Pedra, como os Atlantes Brancos, somente por cumprir a missão e respeitar o Pacto de Sangue; pelo contrário, o esquecimento da missão ou a traição ao Pacto de Sangue trariam graves conseqüências: não se tratava de um castigo dos Deuses nem nada semelhante, mas de perder a Eternidade, quer dizer, de uma queda espiritual irreversível, mais terrível ainda que a que havia aprisionado o Espírito à Matéria.
Não se deve interpretar com isso que os morenos iniciavam aos povos nativos no culto de seu próprio Deus, pois eles afirmavam ser a expressão terrestre de Deus, que era o Deus Criador do Universo; eles, diziam, eram consubstanciais com Deus e tinham um alto propósito a cumprir na Terra, ademais de destruir as obras dos Atlantes Brancos: sua própria missão consistia em levantar uma grande civilização da qual sairia, no Final dos Tempos, um Povo Eleito de Deus, também consubstancial com este, ao qual lhe seria dado reinar sobre todos os povos da Terra; certos anjos, a quem os malditos Atlantes Brancos denominavam “Deuses Traidores ao Espírito”, apoiariam então o Povo Eleito com todo seu Poder; mas estava escrito que aquela Sinarquia não podia se concretizar sem expulsar da Terra os inimigos da Criação, quem ousavam descobrir aos homens os Planos de Deus para que estes se rebelassem e se apartassem de Seus desígnios; sobrevirá então a Batalha Final entre os
Filhos da Luz e os Filhos das Trevas, quer dizer, entre quem adorasse o Deus Criador com o coração e quem compreendesse a serpente com a mente.
Opostamente, os Deuses dos Atlantes Brancos não requeriam nem Culto nem Sacerdotes: falavam diretamente no Sangue Puro dos Guerreiros e estes, por escutar Suas Vozes, se tornavam Sábios. Eles não tinham vindo para conformar o homem na sua desprezível condição de escravo na Terra, mas para incitar ao Espírito humano à rebelião contra o Deus Criador da prisão material e a recuperar a liberdade absoluta na Origem, mais além das estrelas. Aqui será sempre um servo da carne, um condenado à dor e ao sofrimento da vida; ali será o Deus que antes havia sido, e tão poderoso como
Todos. E, desde então, não haveria paz para o Espírito enquanto não concretizasse o Regresso à Origem, enquanto não reconquistasse a liberdade original; o Espírito era estrangeiro na Terra e prisioneiro da Terra: salvo aquele que estivesse adormecido, confuso num extravio extremo, enfeitiçado pela ilusão do Grande Engano. Na Terra, o Espírito só poderia manifestar-se em guerra perpetuamente, contra as Potências da Matéria que o mantinham prisioneiro. Sim, a paz estava na Origem: aqui somente poderia haver guerra para o Espírito Desperto, quer dizer, para o Espírito Sábio; e a Sabedoria só poderia ser oposta a todo Culto que obrigasse o homem a se por de joelhos perante um deus. Os Deuses Libertadores jamais falavam de paz, mas de Guerra e Estratégia: e então a Estratégia consistia em manter-se em estado de alerta e conservar o acordo com os Atlantes Brancos, até o dia em que o teatro de operações da Guerra Essencial se mudasse novamente para a Terra. E isso não era a paz, mas a preparação para a guerra. Mas cumprir com a missão, com o Pacto de Sangue, manter o povo em estado de alerta, exigia certa técnica, um modo de vida especial que lhes permitisse viver como estrangeiros na Terra. Os Atlantes Brancos tinham transferido aos povos nativos um modo de vida semelhante, muitas de cujas pautas seriam atualmente incompreensíveis. No entanto tratarei de expor os princípios mais evidentes em que se baseavam para conseguir os objetivos propostos: simplesmente se tratava de três conceitos, o princípio da Ocupação, o princípio do Cerco e o princípio da Muralha; três conceitos complementados por aquele legado da Sabedoria Atlante que eram a agricultura e a pecuária.
Em primeiro lugar, os povos aliados dos Atlantes Brancos não deveriam esquecer nunca o princípio da Ocupação do território e teriam de prescindir definitivamente do princípio de propriedade da terra, sustentado pelos partidários dos Atlantes morenos. Com outras palavras, a terra habitada era terra ocupada e não terra própria; ocupada a quem? Ao inimigo, às Potências da Matéria. A convicção desta distinção pessoal bastaria para manter o estado de alerta, pois o povo ocupante era assim consciente de que o Inimigo tentaria recuperar o território por qualquer meio: sob a forma dos povos nativos aliados aos Atlantes morenos, como outro povo invasor ou como adversidade das Forças da natureza. Crer na propriedade da terra, pelo contrário, significava baixar a guarda frente ao Inimigo, perder o estado de alerta e sucumbir ante Seu Poder de Ilusão.
A fórmula correta era a seguinte: se um povo de Sangue Puro realizava o cultivo sobre uma terra ocupada, e não esquecia em nenhum momento que o Inimigo se encontrava afora, então, dentro do cerco, seria livre para elevar-se até o Espírito e adquirir a Mais Alta Sabedoria. Caso contrário, se cultivava a terra crendo em sua propriedade, as Potências da Matéria emergiriam da Terra, se apoderariam do homem, e o integrariam no contexto, convertendo-o num objeto dos Deuses; em conseqüência, o Espírito sofreria uma queda na matéria ainda mais atroz, acompanhada da ilusão mais nociva, pois acreditaria ser livre em sua propriedade quando seria somente um apêndice do organismo criado pelos deuses.
De acordo com a Sabedoria Lítica dos Atlantes Brancos, existiam muitos Mundos em que o Espírito estava prisioneiro e em cada um deles o princípio da Muralha exigia diferente aplicação: no mundo físico, sua aplicação correta conduzia à Muralha de Pedra, a mais efetiva vala estratégica contra qualquer pressão do Inimigo. Por isso os povos nativos que iam cumprir a missão, e participavam do Pacto de Sangue, eram instruídos pelos Atlantes Brancos na construção de muralhas de pedra como ingrediente fundamental de seu modo de vida: todos que ocupassem e cercassem a terra para praticar o cultivo, com o fim de sustentar no lugar uma obra aos Atlantes Brancos, tinham também de levantar muralhas de pedra. Mas a ereção das muralhas não dependiam só das características da terra ocupada, mas em sua construção deveriam intervir princípios secretos da Sabedoria Lítica, princípios que só os Iniciados no Mistério do Sangue Puro, os Guerreiros Sábios, podiam conhecer. Compreender-se-á melhor o porquê desta condição se digo que os Atlantes Brancos aconselhavam “olhar com um olho para a muralha e com o outro para a Origem”, o que só seria possível se a muralha se achava referida, de algum modo, à Origem.
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