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domingo

Alfred Czech (12/10/1932 - 13/06/2011)

Faleceu no último dia 13 de junho em Hückelhoven, Alemanha, de causas naturais aos 78 anos de idade, o mais jovem ganhador da Cruz de Ferro, Alfred Czech.


Nascido em Goldenau, na então região alemã da Alta Silésia (hoje parte da Polônia), Czech era filho de um casal de fazendeiros. Bem jovem, entrou para a Jungvolk, uma organização criada para crianças de 10 a 14 anos, que ainda não tinham idade para juntar-se à Juventude Hitlerista. Com a aproximação do Exército Vermelho em março de 1945, os combates tomaram a zona rural próxima à sua casa.

Certo dia, Czech viu-se em meio ao fogo cruzado, e ao tentar afastar-se encontrou um grupo de soldados alemães feridos, que haviam sofrido um ataque de morteiros soviéticos. Ele correu para casa e, sem hesitar, tomou a carroça do pai e voltou ao local do combate, ajudando os soldados feridos a subirem e resgatando oito deles. Numa demonstração de excepcional coragem, Czech voltou mais uma vez ao front e resgatou mais quatro soldados, levando-os para casa e administrando os primeiros socorros - conhecimento que tinha aprendido na Jungvolk. Alguns dias depois, um general alemão apareceu na casa da família, e disse aos pais que preparassem o filho para uma viagem a Berlim.

Levado numa aeronave de transporte militar para a capital em 20 de março de 1945, Czech integrou um grupo de 20 jovens combatentes da Juventude Hitlerista que seriam cumprimentados pessoalmente por Adolf Hitler. Tomaram um café da manhã reforçado e receberam uniformes novos, sendo então levados para o jardim da Chancelaria do Reich. O Führer recebeu-os aparentando extrema fragilidade, com a gola do casaco puxada para cima e a mão esquerda (que tremia incontrolavelmente devido ao Mal de Parkinson) firmemente presa às costas. Ao passar pelos garotos, Hitler parou na frente de Czech e disse: "Então você é o mais jovem de todos? Não ficou com medo quando resgatou aqueles soldados?" O jovem de 12 anos apenas respondeu: "Não, meu Führer!"

Em seguida, os 20 meninos receberam de Artur Axmann suas Cruzes de Ferro, e desceram para o bunker, para um almoço com Hitler. Após conversar sobre suas experiências, os jovens foram questionados se gostariam de voltar para casa ou ir para a linha de frente. Todos optaram pela segunda alternativa. Sendo assim, Czech foi enviado para combater em Freudenthal, nos Sudetos. "Todos os soldados regulares tinham que me saudar por causa da minha Cruz de Ferro", lembrou-se ele. Em meados de abril, Czech teve um dos pulmões perfurado por uma bala, e recuperava-se no hospital quando a guerra acabou. Mantido prisioneiro na Tchecoslováquia até 1947, ele teve que voltar a pé de Praga até a casa dos pais em Goldenau, onde descobriu que seu pai havia sido morto nos últimos dia do conflito.

Com a região da Silésia cedida para a Polônia, a população alemã da área que não migrou imediatamente passou por diversas dificuldades sob os novos proprietários poloneses. Somente em 1964 Czech conseguiu autorização para sair do país, estabelecendo-se na Renânia, Alemanha Ocidental, onde trabalhou no ramo de construção civil até aposentar-se.

Até seus últimos dias, Alfred Czech manteve num porta-retrato a fotografia de seu encontro com Hitler. "Como uma criança, eu não pensava muito. Só queria fazer algo pelo meu povo", disse ele. "Não acho que foi insano mandar crianças para o combate. Aquilo era guerra". Ele deixa esposa, 10 filhos e 20 netos.